sábado, 25 de março de 2017


A SOMBRA DA LUZ

Porque nos escondemos, vivendo no privado? Pois a vida pública é reveladora? Ela mostra nossos medos, expõe intenções reprimidas, e coloca em prova o proibido?
Ficar na “caverna” revela a depressão do forte, ou pelo menos do que acha ser forte. Subjuga a pressão interna exaltando a pressão externa.
Corremos como loucos em busca do imaginável, daquilo que não é real, ou daquilo que queremos que seja real. Somos como pessoas gregorianas em busca de conclamações filosóficas platônicas. Nessa sede desenfreada, corremos para as praças públicas do nosso mundo ilusório, querendo ouvir a alma falar. Mas será que a alma fala? Ou apenas repete o que o meu ego quer ouvir.
Queremos ouvir o filosofar dos pensadores, enquanto eles mesmos, o que queriam era ser ouvidos por si próprios.
Parece estranho quando olhamos o espelho querendo ver o nosso reflexo, quando, o que nos representa é um reflexo querendo nos ver. Ele procura descobrir, entender o mistério do interior da imagem, descobrindo o pensamento da existência. Mas chega a conclusão que tudo o que aparentemente se vê se dissolve ao afastar-se da realidade da vida.
Quantos momentos que se aproximamos? E quando achamos que estamos próximos, é aí que nos afastamos, como sombra da luz de uma vela, como silueta do morro embaixo no vale em noite de lua cheia.
A vida tenta alcançar seu ápice, e por mais que luta, corra, sempre saberá que é apenas vestígio do que hoje foi, e que amanhã, amanhã...

                                                    Autor: Adinaldo B. da Silva